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NOSSA HISTÓRIA

“O MDF brota do chão duro e seco” (Patrick).

Na Vila Prudente começa o mutirão para a construção da CRECHE.

1977
1978
1984
1986

Favelas começam a ser urbanizadas.por mutirão com auto gestão e nasce a Casa da Cultura da Favela de Vila Prudente que depois se tornaria o Centro Cultural.

É produzido o vídeo "Teto e Chão" sobre a história do MDFe suas lutas,

II Conferência do Habitat em Istambul Turquia

Concretização da Luta pelo Título de Posse - Assembleia do MDF em São Mateus celebrando a publicação do Diário Oficial da Cidade as primeiras áreas beneficiadas com desafetadas para a regularização fundiária.

Inaugurado o Galpão da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Favela de Vila Prudente – RECIFAVELA

De 2008 à 2015 o MDF executou em parceria com a APOIO – Associação de Auxílio Mútuo da Zona Leste projeto co-financiado pela EU e CAFOD o Programa Urbano que no primeiro período desenvolveu o projeto “Redução da Pobreza Urbana, acesso a políticas públicas habitacionais na cidade de São Paulo”. O exitoso projeto proporcionou ao Programa Urbano um segundo edital com o tema “ Promovendo uma cidade inclusiva e sustentável: Redução da vulnerabilidade social, ambiental e climática das comunidades de baixa renda”

2004
2013
2015
2015

Patrick ao chegar na Vila Prudente.

Favelas se organizam em busca do projeto de taxa mínima de água e luz e o MDF organiza mutirões para construção de esgotos.

Formação da (União dos Movimentos de Moradia  da Grande São Paulo).

Apresentação de proposta de lei de iniciativa popular propondo a criação do FNMP (Fundo Nacional de Moradia Popular)  e a UMM se torna UNMP (União Nacional De Moradia Popular).

Inauguração do Centro Rigoberta Menchú

É aprovada a  Lei 10.257 que cria o estatuto das cidades, com grandes conquistas para o MDF como a criação das ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Sociais)

Missa dos 25 nos do MDF

Celebrado por D. Luciano Mendes de Almeida grande incentivador da organização e lutas das favelas do MDF da Região Episcopal Belém

25 anos do CCVP – Centro Cultural Vila Prudente – Promovendo Arte e Cultua de Paz no coração da Favela

E a história continua na teimosia histórica de juntos construímos o futuro!

“O Futuro é uma invenção da gente”  Paulo Freire

Olhando para trás, sobre os rumos e rastejos da vida, é engraçado por um lado, e motivo de humildade pelo outro, constatar o abismo entre o sonho utópico original, e os pés calejados sobre os cascalhos e  lama * do caminho andado. 

 

Sei de fato, que sou e sempre fui, sonhador. Até demais. Mas nunca sonhei em iniciar ou fundar alguma coisa. Apenas seguir uma intuição . E com outros, caminhar, com aquela cumplicidade de que, um dia, se pudesse dizer que valeu a pena arriscar. E quem sabe, no tempo que for, ver uma flor brotar do impossível chão. ** 

 

De qualquer modo, lá pelos idos de 1979, começou a aparecer uma serie de sonhos sobre um tema novo e ainda nascituro. Tudo provocado pelas andanças que vinha fazendo nas favelas da Zona Leste de São Paulo, junto com Ana Boran, uma Freira Irlandesa, logo da minha chegada na paroquia da Vila Alpina em Novembro 1977. 

Não digo que favela de fato, era novidade. Numa viagem a Índia em 1975, vivenciei cenas chocantes nas ruas de Bombaim e Nova Deli, cuja lembrança fica comigo ate hoje. Porem, entre aquilo e o que eu estava começando a vivenciar no Brasil, tinha um abismo.  E o abismo era entre um olhar 'observador', mesmo 'simpático e comovido', de um lado.  E o desejo de voltar, como peregrino, a propria raiz, para poder aprender o caminhar solidario com a dor e a alegria, de um mundo secularmente esquecido. 

Meditando sobre tudo isso naquele fim da década dos anos 70, me dei conta de algumas coisas estrategicamente significativas que possibilitaram o nascimento do MDF. Primeiro, o ambiente eclesial fervia da Teologia de Libertação, vivida na pratica, nas comunidades eclesiais de base. Segundo, profetas de um novo tempo, homens e mulheres de todas as índoles, se encontraram espalhados em todos os cantos do pais. E terceiro, muitos jovens ficaram 'contaminados' com essa 'febre', e queriam, como diria hoje o papa Francisco, partir para as 'periferias'. O cenário parecia pronto para algo novo nascer. 

Fuçando nos arquivos da memoria, consigo resgatar o primeiro sinal desse 'algo novo'. Foi o aparecimento de uma jovem, recém chegada de Barretos, cidade do interior do Estado de São Paulo, e na época, morando em São Caetano do Sul. Seu nome? Eunice Michelini. Na sequencia, conversas miúdas e papos bem cumpridos, com ela e com outros jovens que vinham aparecendo. Assuntos da vida, da Igreja, do engajamento solidário com a imensidão da luta pela justiça que nos cercava. E por final, numa certa noite, um estalo na cabeça!  Porque não ensaiar ali mesmo, na Paroquia Nossa Senhora do Carmo, um núcleo de referencia para continuar esses papos? E Talvez, ir  alem? Assim nasceu o que logo mais, seria conhecido como o MDF. 

A primeira pessoa a ser convidada para formar uma 'equipe', era a própria Eunice. Passado um certo tempo, chegou Manuel Pinheiro, morador da favela Vila Prudente. E passado outro tempo, chegou um 'curioso'  que tinha ouvido falar da 'aventura'. Um tal de Paulo Conforto, hoje Promotor Publico no Parana . Trouxe na sua esteira, 23 pessoas do grupo de jovens da Paroquia Santo Emídio. Entre elas, Marcos Zerbini, hoje Deputado Estadual em São Paulo, que ia integrar a equipe nascente como o quarto convidado. Enquanto isso, o resto do grupo trazido por Paulo, funcionaria como 'apoio'. 

Tudo isso era apenas o inicio. Tinha ainda muita coisa pratica e burocrática por fazer. Felizmente, a paroquia Nossa Senhora do Carmo nos cedeu a pequena sala dos Jovens para as nossas reuniões de equipe. E o Salão Mariano para encontros maiores. Procuramos também, partilhar o sonho com o então bispo da Região Episcopal Belém, Dom Luciano Mendes de Almeida, quem nos deu seu apoio e sua benção. E acabamos conhecendo 'advogados do povo' como Miguel Afonso e Henrique Pacheco, homens de coragem e compaixão, solidários ao lado dos oprimidos.

Na esteira de tudo isso, começou a chegar gente de longe. Do Cerrado e dos Sertões. Dos Canudos e dos Canaviais. Das feguesias e favelas distantes na Zona Leste de São Paulo. Sapopemba, São Mateus, Iguatemi, Terceira Divisão... e outros cantos mais. No meio de toda essa legião de gente, a figura alegre cantante da Irma Iracema, juntamente com o sábio e incansável lutador na defesa dos deserdados, Antonio Caetano, encabeçando uma onda de seguidores em busca da terra sem males.  

Faltava porém, um apoio financeiro para poder remunerar a equipe e suprir outros gastos. E nisso, quem nos veio em socorro foi a Agencia Católica para Ajuda ao Terceiro Mundo em Londres (Cafod), através da mediação da Clare Dixon, cuja presença entre nós, 'en la cercania de lo lejano',** atravessa quatro décadas. Mais tarde, com  a ampliação da equipe e do trabalho do MDF, teríamos  o apoio complementar de Trocaire (palavra que significa Misericórdia) da Irlanda, com a presença inspiradora de representantes como Sally O'Neill e Kate O'Brien. E no ano 2000, o inicio do apoio da Caritas Austrália, representada por longos anos pela inesquivável Irmã Margaret Fyfe. 

Desde esses tempos de Aurora, temos andado abrindo caminhos, deixando saudades e searas, construindo historia e fazendo nascer vidas. Tempos de muita luta contra a arbitrariedade do despejo. Luta em favor do trabalho, do teto e do chão. Luta para trazer a tarifa social de água e luz. Luta alicerçada na Mistica que gerou a Teologia do Esgoto. E a Teologia da ternura responsável para com a nossa Casa Comum***. Lutas, que marcaram muitas vidas e, quem sabe, vidas que devem a sobrevivência de sua esperança, a um punhado de sonhadores que chegou mansinho, mas que acabou acendendo uma fogueira no coração valente dos 'Desvalidos' .

*Do Poema Passos Densos No Caminho, em Poetas Gerais das Minas, p 70 

**Proverbio Espanhol

*** Do Poema E' minha lei e minha questao...' em Homenagem a Chico Mendes pelo Conselho Nacional dos Seringueiros

****  MDF campanha pela Justica Climatica na mega cidade. 

*****Veja Filme da Verbo Filmes 'O Anel de Tucum'. 

******* Laudato Si, Enciclica Papa Francisco 

 

Patrick Clarke Cssp

São Paulo

Brasil  
 

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